A Tecelã e o Tapete Mágico
“Era uma vez, numa casa muito simples, uma doce mulher que passava seus dias a tecer um grande tapete. Era encomenda de um grande mago e assim tratava-se de um tapete especial, mágico, feito de um material que o permitiria voar quando estivesse pronto. E por tratar-se de encomenda tão especial, a mulher não queria perder tempo e assim passava seus dias e noites a trabalhar, sem pausas.
– Saia um pouco – diziam os amigos – faça uma pausa.
Mas a mulher estava focada. Nada que falassem a tiraria dali. E assim passaram-se dias e meses e num belo dia a dedicada tecelã percebeu que seu tapete estava quase pronto. Faltava apenas um dia de trabalho. Neste momento, ao contrário do esperado, a mulher foi tomada por uma tristeza muito grande. O que faria, uma vez terminado o tapete? Nenhum tapete seria tão especial como este, nenhum lhe faria sentir-se tão honrada como sentia-se ao tecer o tapete mágico do mago.
A mulher, então, pela primeira vez em meses, parou. Não queria terminar aquele tapete. Não podia. E foi assim que decidiu que continuaria a tecer o tapete…faria-o do dobro do tamanho encomendado. Afinal ainda tinha tempo de sobra até o retorno do mago. Porém… não tinha mais o fio mágico do primeiro tapete, pois apenas recebera uma quantidade de fio mágico suficiente para o tamanho encomendado.
– Não tem problema – pensou a mulher – utilizarei um da mesma cor e ninguém notará. Afinal, ele ainda será parte do tapete mágico, mesmo tendo outro fio.
E a mulher continuou o tear. Teceu ainda mais um pouco com o restante do fio mágico, e então continuou a tecê-lo com o fio normal.
E o tempo passou… e logo o tapete já estava com o dobro do tamanho original. Apenas metade dos seus fios eram mágicos, mas também aquele novo fio que usara estava no final. Apesar de não ser mágico, era um fio raro, de qualidade, e ela não teria dinheiro para comprar mais dele. E a mulher novamente sentiu-se perdida… Não queria parar.
Decidiu então comprar um fio mais barato que o último. Não era mágico. Tampouco era da mesma cor que os anteriores. Mas era o que poderia pagar no momento. E assim a mulher continuou o tapete, com o terceiro tipo de fio. E da mesma forma que antes, o tempo passou… e também este fio acabou.
Agora, sem dinheiro para comprar mais fios, a mulher prosseguiu com os únicos fios possíveis… aqueles mais rústicos, que quase ninguém queria, e que estavam parados em seu estoque. Não eram fios brilhosos, nem coloridos, muito menos mágicos. Mas eram os únicos que ainda tinha. E assim a mulher continuo tecendo o tapete com o quarto tipo diferente de fio. E com isso esqueceu-se do tempo, e do prazo que tinha para terminar o tapete.
E um belo dia, eis que o Mago retorna, para buscar seu tapete mágico. Cumprimentou a Tecelã e assim que viu o grande tapete remendado abriu um largo sorriso:
– Vejo que fez mais do que lhe pedi – disse o Mago.
– Me desculpe, Senhor, eu…não consegui parar… eu… – gaguejou a pobre mulher, nervosa.
– Não há problema algum – disse o Mago – eu vou comprar o tapete todo. E deixou na mesa da tecelã 04 vezes o valor combinado.
– Mas senhor… – disse a mulher, que apesar de confusa era muito honesta – o senhor me encomendou um tapete feito de um fio mágico, com um valor muito superior a todos os fios com que continuei a tecer. Não poderia cobrar o mesmo valor por todas as partes. Venha, olhe de perto, veja como estão as outras partes do tapete.
O mago então aproximou-se e disse:
– Vejo um tapete dividido em 04 partes. A primeira é feita de um material mágico, que permite-nos realizar coisas que somente uma criança poderia imaginar. Esta representa nossa mais pura infância.
– A segunda – continuou o mago – é de seda pura, maleável e colorida, repleto de descobertas e nuances, com um brilho próprio que muda de cor conforme o ambiente. Como apenas nossa adolescência nos permite ser.
– A terceira é de algodão… natural, macia e confortável. Esta representa nossa vida adulta, em que caminhamos em busca de conforto e tranquilidade.
E chegando à quarta parte, prosseguiu: – E a quarta parte é de Juta. Material forte, resistente, aquela que carrega todas as nossas bagagens e aprendizados de uma vida toda. Esta representa nossa velhice.
– Diga-me, mulher… – perguntou então o Mago – como poderia uma ser mais valiosa que a outra?
E assim… sem aguardar a resposta, o Mago saiu, com seu enorme tapete nas mãos. Cortou-o em 04 pedaços, e achou um bom uso para todas as peças. Um dia – pensou – também elas se desgastarão. Mas terão cumprido seu papel, e assim é para todos nós.”
– Mirela Fioresy
Carta da Leitura de Tarot que originou o conto “A Tecelã e o Tapete Mágico”, Contos de Tarot, por Mirela Fioresy, como resultado de leitura real de tarot. Tarot: Egipcios Kier Tarot Deck, versão em Inglês
Contos de Tarot são leituras de Tarot personalizadas, que trazem respostas e reflexões para questões enviadas pelo consulente, na forma de um Conto exclusivo. Apesar de serem criados como uma mensagem especial para quem solicitou a leitura, são contos que trabalham com imagens e conceitos do inconsciente coletivo da humanidade, trazendo também reflexões para todos nós.
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